segunda-feira, 13 de julho de 2015

A CASA

A CASA   
                 (Vera Popoff)

Chego num espaço
Disseram-me :- É  uma casa!
Penso escondido. Receio que escutem
         meu  pensamento!
-É uma casa ?  Desabitada? Desarrumada?
Senti, não é  uma casa!
Não a minha casa!
Sem  quimera ou  recordação , sem
           memória!
-Não é a minha casa!
Na minha casa  eu sentia aroma,
perfume doce, via fantasmas...
Nela, algumas vozes desencontradas.
Risos tão seduzidos, ventarolas nas cortinas leves...
Os cobertores surrados, tão desbotados
cobriam  corpos que eu tanto amei!
-Ah, que pena! Preciso entrar na casa
que não é a minha casa!
Por onde andam todos?
Eu não os vejo!
Os lençóis brancos, cama patente,
a lamparina,  almas presentes!
Cada lembrança, um desafio...
Aqui é tão estranho , eu sinto um calafrio!
Vejo janelas que não se abrem
para a entrada do meu coração!
Fui peregrino, inconstante, inconsequente
          quase demente!
Voei feito um pássaro sem ninho
Andei como viajor campeando o seu  caminho!
Um dia...eu voltaria à minha casa!
Mas cheguei numa pedra fria
Onde anda aquela alegria?
Vou morrer numa casa estranha que não me aninha!
Vou morrer numa casa que não é minha!

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