segunda-feira, 8 de agosto de 2016

DÚBIO CORAÇÃO

DÚBIO CORAÇÃO
                                   Vera Popoff

Meu coração tem dois andares
No primeiro moram as queixa e os rancores
Os beijos não beijados, carnes sedentas de paixão
Ilusões perdidas, desgraças e dores das separações.

Primeiro andar das mágoas, decepções
           e pragas rogadas.
De pesar profundo vai desmoronar e verá a morte
       com muita dor sentida!
E a agonia será lenta...
De gemido a gemido , enterra-se  na  terra escura
a parte do coração que jorra sangue envenenado
            e impuro.
E quem sentir, que se enlute,
pois eu não sinto medo do funeral funesto.

No segundo andar moram o amor e totalidade
A perfeita integração, é templo dos afetos!
No segundo andar há frestas para os sóis
e seus raios são vindouros!
Luas após luas...novas, cheias, minguantes
                 e crescentes
alumiando noites sem angústias , harmoniosas,
habitadas por anjos d'asas violetas
Aromas de jasmins evaporando-se e
Bach tocando suave e divinamente.
No segundo andar se avizinham a superação,
as buscas, sonhos, a plenitude do perdão.

Meu coração é dúbio!
Nele, moram separados por sulcos sangrentos
A dor e o amor,
a frustração e o doce prazer,
o mais funesto sentimento guardado
            em cripta funérea
e o ditoso sentimento aventurado,
a vida afortunada de contentamento.


                     

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