VERDE E AMARELO
Vera Popoff
Estou sendo sincero
quando digo-me enjoado
do verde e do amarelo.
Quando permito-me cansado
das "margens plácidas",
e da esperança que a essa terra
nunca desce!
Tenho campeado o povo heróico
com seu brado retumbante,
Mas o que vejo é um sonho pequeno
e um raio nada reluzente
Uma gente frágil, sem brado, sem voz,
descontente!
Estou sendo sincero
quando acho-me enjoado
de tanto verde e amarelo,
servindo de escudo a um cinismo
nada gentil.
Assim és tu, Brasil!
Sem paz no futuro,
tanta vergonha presente
e uma justiça que nunca se ergue,
mas pune , rebaixa, tripudia ,
condena sem nenhum amor fugaz,
quanto mais , amor eterno!
Estou sendo sincero,
quando sinto-me enojado
do verde e do amarelo ,
enrolando corpos pobres de
caráter e de braços fortes!
Em qual seio há liberdade?
Onde anda escondido
o penhor da igualdade?
Nem o céu é mais tão límpido!
Enxergo fuligem, fumaça no ar.
Oh, pátria deitada em berço tão áspero
e duro!
o que será da Pátria do futuro?
Ao som de panelas e gritos infames
Já não fulguras,
Vives nas sombras sinistras,
escondendo nos becos, os oprimidos,
sentidos, empobrecidos de dignidade.
Estou muito decepcionado
com o verde e o amarelo
Não vislumbro
nenhum sol
do novo mundo!
O gigante apequenou-se ,
sem a decantada beleza,
e tão pobre de nobreza!
Estou sendo sincero...
Como estou cansado
de penar sob o verde
e o tão despudorado amarelo.
Salve! Salve!
Terra à vista!
Independência ou Morte!
Pois é a Morte da decência,
da competência,
da democracia frágil,
sem consistência!
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