TRISTEZA
Vera Popoff
Com as pedras cinzas da tristeza
Construí o meu ser e arquitetei o meu viver
A tristeza não me incomoda
E pode ter muitas cores
com um pouco de imaginação.
A tristeza é sutil, quieta e até gentil
Faço dela , a companheira
Valho-me dela para encontrar
e descobrir, afinal, quem sou eu!
Da tristeza extraio lascas toscas
e faço minhas esculturas.
Extraio brutos diamantes
e vou, com cuidado, lapidando.
Respiro o ar bucólico
com o aroma da tristeza
Encho os pulmões de ar
E eles fazem a conversão
O sangue pobre fica rico,
quanta oxigenação!
A tristeza cabe em mim.
Tem o tamanho exato do meu peito
Ela bole comigo , faz-me abalada,
emocionada , mas nunca desabitada.
Já não me reconheço sob risos levianos
Não habito sob tetos com as telhas da hipocrisia.
Quando resolver sorrir
Vou sorrir inteira!
Quando chorar
As lágrimas serão púrpuras
Farei jorrar o meu sangue
nos pedaços de caminho
que sobraram para mim!
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