quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

OBRIGADA

OBRIGADA
                                     Vera Popoff

Obrigada é a palavra
Não, gratidão é a palavra!
Nos momentos leves e
     nem tanto!
Nos dias cheios de sol e
     nem tanto!
No  horizonte  mais azul e
     nem tanto!
Na aurora esperançada e
     nem tanto!
Na visão mais verde e bela e
     nem tanto!
Na lua prata e enamorada e
     nem tanto!
No dia da angústia e da dor e
     nem tanto!
Nas tardes folgadas e preguiçosas e
     nem tanto!
Nas relevantes poesias e
     nem tanto!
Nas sonoras rimas e
     nem tanto!
Na inspiração mais profunda e
     nem tanto!
A paciência dos amigos
com meus devaneios,
com os doces anseios ,
estimulavam a minha singela poesia!
Um dia , outro dia,  buscando a magia,
ferindo vernáculo,  vencendo obstáculo,
Catando pedaços da alma ,
fragmentos do coração,
detalhes de pura emoção e...
dizendo o sim e o não!
Lá ,  sempre presente aquilo
que conquistei: Os amigos!
Lendo, curtindo, comentando,
    sempre ao redor,
ajudando-me a ficar , todos os dias,
    um pouco melhor!

31 de dezembro

31  de dezembro de qualquer ano...
                                                           Vera Popoff

Foram tantos erros e
    tantas lágrimas!
Outra vez , o mesmo vazio
O que é sereno e belo está
           por um fio!
A alma parece estar fora do corpo
clamando por algum sonho sonhado e
          jamais vivido!
E a aura anda pesada , a energia desgastada
O sim sempre bendito e dito, decidiu
             ser não!
Toda criança chora com o não
Eu padeço com o não que digo
Os tantos nãos que a vida disse ,
 nunca importaram muito!
Tão quieta e pensativa
Sendo nada e simplesmente , nada!
O olhar vago perde-se nos  calendários
            passados...
Lembro-me, relembro, gosto e não gosto
            do que é lembrado!
Descarto a filosofia  que já não me desafia
Sei que nasci, que em certo momento ,
            até vivi!
Mas hoje, decididamente,  é um estranho dia
em que não senti, não li, não abri , não sorri,
não escrevi, não decidi, não ouvi, não me distraí,
não vi, não estive nem aqui, nem ali!
Que a noite passe sofrendo  foguetórios
              horripilantes!
E que amanhã eu acorde e siga adiante!



   
           

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

MINHA AMIGA VANDA

MINHA AMIGA VANDA
                                                     Vera Popoff

Ah, se eu tivesse palavras...
Ah, se meu coração , a caneta, segurasse...
Ah...se a minha alma cantasse...
Ah...se minha mão desenhasse...
Ah...se minha boca fosse um mel tão doce...
Ah...se você aqui estivesse
Eu lhe abraçaria tão forte!
E lhe desejaria a mais linda sorte!
E beijaria a tua bela face
E lhe diria baixinho, mais carinhosamente:
- Eu te amo tanto , amiga! E é amor antigo,
            jamais foi esquecido!

A MALETA COLORIDA

A MALETA COLORIDA
                                              Vera Popoff

-Carteiro! Carteiro!
O Théo gritou
Quem será?
Pois o Natal passou!
Um pacote de surpresa
Meu coração já se agradou.
Uma amiga tão querida
da outra amiga se lembrou.
Um presente me enviou!
Impaciente , fui abrir...
Ah...que linda recordação
Eu, que sou louca por caixas e caixinhas,
Senti tamanha alegria
coisa rara , hoje em dia!
Brincos e pulseiras,
muitos penduricalhos
anéis e meus colares
Agora já têm lugar!
Cada vez que for usar
da Vanda vou me lembrar
E pensar..."Amigo é coisa para se guardar"
na caixinha colorida
para o resto de minha vida!






segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

DA JANELA

DA JANELA
                                    Vera Popoff

Da janela eu vi o teu rosto
Sob um brilho lusco-fusco
Carreguei na alma
um pedaço do teu dorso
E agora , com esperança , torço
para sentir o teu peso nas minhas costas
pela vida inteira e além dela,
mesmo que não queira !

O teu peso não me pesa,
nem mesmo o meu corpo, lesa!
O meu corpo enrolado no teu corpo
é  muito mais do que peço
Ilusão que nem mereço.
Tu és o sofrimento que não me faz sofrer
Uma dor aguda que já não sinto
Um mal presságio que pressinto,
         mas não me benzo ,
pois não quero me livrar!
Só desejo, todo o mal, aguentar!

           Amém!



CARTA NA MANGA

CARTA  NA MANGA
                                                    Vera Popoff

Em tempo de depoimento
e agravamento da situação
Em tempo de limpar sujeira ,
de falar besteira e ouvir asneira.
Tenho uma carta na manga!

Em tempo de comparação,
de agredir artista e  ser futurista.
Em tempo de interrogatório
de investidor de risco
de tirar o cisco
de limpar a mão
Tenho a carta na manga,

Um dossiê que é bomba,
que a hipocrisia , tomba!
que a coragem , assombra
Já fui condenada sem nenhum perdão
pela perfídia e cruel traição
Já paguei o preço do juramento em falso
condenada fui ao cadafalso!
Tenho a carta na manga!
Hoje , sem perjúrio, eu juro
É mentira , eu não esqueço
O teu beijo ainda mereço
por teu amor, choro e  padeço!

CHEGA!

CHEGA!
                               Vera Popoff

Por hoje...chega!
Chega de escrever poesia
Chega de ouvir tanta heresia
Chega de ilusões perdidas e
de sofrer ingratidão!
Por hoje...chega!
Cansei de esperar quem nunca
             Chega
De lembrar amor passado
de constatar que deu tudo errado!
De esperar a graça que nunca
            Chega
Da fé pequena , de energia fraca e amena
Chega de olhar pela vidraça
      e não sair pra fora!
De alugar o coração para quem nele
         não demora!
Chega , chega de realidade!
Eu quero a utopia , estacionar
a magia numa vaga do teu sonho.
Chega de olhar de longe o horizonte
       Vou beber na fonte.
Chega  de coisas  invisíveis, tão sensíveis , mas
       longe dos olhos  e do coração.
Chega de estender a mão e
      de pedir perdão
Chega da saudade perto
do caminho previsível e certo!
Chega desta alma calma,
quero enlouquecer e nunca me esquecer
    que tenho a voz para declarar que
             Chega!

MEU CANTO PEQUENO

MEU CANTO PEQUENO

                                                  Vera Popoff
Vivo numa casa grande
E por que vivo numa casa grande, 
se apenas um canto me basta?
O canto da leitura e do prazer
O canto da viagem...
O canto da costura e do lazer
O canto onde guardo, em caixinhas,
pedacinhos coloridos da vida!
O canto bem desenhado, mas
tão gostosamente desarrumado!
Na desarrumação.. a ilusão
nenhuma sofreguidão!
A boa companhia: Fernando Pessoa, mais Pablo Neruda
Mario Quintana, Camões
Beethoven, Mendelssohn , o Noturno,
Chopin,
A alegria de  Bach!
Januária na janela espera o Chico
que namora Carolina e socorre a Geni!!
A porta aberta...
De dentro para fora:
-a visão da flor, do pássaro
-a árvore abrigadora dos sonhos.
A porta aberta...
De fora para dentro:
-o devaneio, a cor
-a tinta, o pincel
-a renda
-a mão que remenda
-a dor que para
-a tristeza que passa!




SEGUE

SEGUE...

                    Vera Popoff
Segue...
Vá embora, mulher! ...
Para onde? Não importa!
Arruma três peças na mochila,
Deixa para trás teu mundo acumulado
Joga fora teus temores guardados
Esquece o sofrimento consentido
e os tormentos desmedidos!
Segue...
Carrega a melodia no teu coração
Canta a toada do perdão!
Ponha -te embora para a região deserta
Encontrarás a ventura aberta e certa!
Segue..
A brisa será a tua carícia,
A rosa, o teu perfume
As folhas, tua vestimenta
A noite, a tua cama
A lua, tua companhia
As estrelas, teu abajour
Segue...
Deixa -te sonhar!



FOTO DA FOTÓGRAFA DIRCE MITUUTI

DEUS SABE

 
 
DEUS SABE

                         Vera Popoff
Deus sabe.
E se Deus sabe...
Ninguém mais precisa saber!
Eu e Deus..
Deus e eu..
Sou forasteira de mim mesmo
Sou ausente peregrina
A alma é um remanso
onde descansam saudades!
Sou mentira branda
Pranto contido
Sorriso fingidor
Coração despudorado
num corpo de desejo enclausurado
Não habito...vagueio
Deus acompanha
Sugere e mostra
Abençoa e acende
Mas a alma é lenta,
não entende!


FOTO DA AMIGA E FOTÓGRAFA  DIRCE MITUUTI

domingo, 27 de dezembro de 2015

ESPERAR A FESTA

ESPERAR  A FESTA
                                         Vera Popoff

Passei tantos anos esperando a festa.
Ah...se eu soubesse como é bom
          não esperar a festa
Jamais teria esperado e quanta  ansiedade
          evitada!
Tanta programação não seria programada
e muita dor de cabeça, descartada!
Sentir  o vento da liberdade!
Todos correndo atrás da festa
          eu...parada.
Contemplando a chuva que chove
e admirando a flor que se abre
e assuntando a noite que cai
e escutando a melodia do silêncio
e sentada na porta , numa solidão contente
O barulho, somente o arrulho, presente!
Como é bom não esperar a festa!
Não  há conversa indigesta
e nem o cardápio repetido, insistente,
             pós festa!
Não é preciso  consolar e nem ser  consolada,
 das decepções  depois da festa acabada!
Nenhuma saudade  manifestada
Nenhuma culpa guardada
Nenhuma canseira exagerada!
Nada de intrigas ocultas!
Ausência da barateza das fofocas.
Demorei anos da vida e percebi
que o melhor da festa
é não comparecer  ou esperar a  festa .
Poder  ficar distraída
não precisar  fazer pose
Nada de roupa apertada,
 postura arquitetada,
ou música desafinada!
 Fugir  dos gestos  controlados,
e dos  sentimentos desencontrados
Não sorrir  amarelo
nem forçar  antigos elos
Tudo tão natural!
Sem nenhuma explicação ,
poupar-me  da desilusão!
A cabeça no travesseiro
A alma  desmaiada e  sossegada
A paciência não  testada
e a consciência , levemente,
na rede, esticada !




RICA VIDA

RICA  VIDA
                              Vera Popoff

Ah , que tão rica vida vivi!
O meu pai era kardecista
Meu irmão era um artista
O namorado era metodista
Minha mãe , socialista
e eu era comunista!

Meu pai  lia o seu jornal
Minha mãe lia Karl Marx
Meu irmão, a partitura,
O namorado , as Escrituras
Eu lia a Teologia da Libertação
Encantava-me com a queda e a elevação,
Simeão, O MENINO e a contradição
que transformava o meu coração!

Na mesa , o almoço pronto!
Hora da boa prosa!
O campo fértil era bom!
Ideias desencontradas
Ninguém tinha a solução
Mas todos tinham razão!
O acordo nunca era feito
Mas ninguém perdia o jeito ,
havia amor e respeito!

Quem diria..
Tantas eram as diferenças
Mas não se ouviam ofensas
Ninguém ganhava no grito e
Também não ficava aflito,
Pois no outro alguém esbarra
se quiser ganhar na marra!

No final da discussão
O cafezinho apaziguava
Boa música ao piano
O namoro resistia
as diferenças do dia!
Futebol , livro, poesia
a troca é uma melodia
A vida é pobre e vazia
quando há hipocrisia!






sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

EMPRÉSTIMO CONSIGNADO

EMPRÉSTIMO CONSIGNADO
                                               Vera Popoff



Resolvi recitar  um poema,
mas  fugiram-me os fonemas.
Os versos tão bem decorados ,
na memória, estão esquecidos
Fiquei um tanto inibido
Não mereço tal castigo!

Decidi inventar  alguns versos
Procurei letras, palavras e rimas
A inspiração não desatina
e a pobre  invenção ,  desanima.

Vou ao Banco de palavras
fazer um consignado e
saio de  tal enrascada!
Fico endividado,
mas pago com promissórias,
uma letra abatida , a cada dia!

Os juros serão pesados ,
mas quem sabe , perdoados
com um poema escrito,
com letras de amor,
       escondidas
no cofre do coração.
Não haverá cobrança
que resista tal paixão!

AMIGO PRESENTE

AMIGO PRESENTE
                                                    VERA POPOFF

Ah, que ano tão diferente!
Quem tem um amigo presente
Recebe de Deus, o mais lindo presente
O coração pulsa contente
O dia não sofre a ausência
Na tristeza ou solidão
Chega o amigo e lhe dá a mão
E diz :-Presente!
Chegou o amigo
Jamais fica ausente!

TUDO IGUAL

TUDO IGUAL

                                            Vera Popoff...
Amanheceu.
É Natal!
Está quase tudo igual
A aurora canta
E brilha o sol!
A minha dor
já não dói!
Vejo o horizonte
mais perto!
O Coração parece
mais aberto!
O dia é novo, esperançoso
O céu é azul , a semente brotou
A raiva sucumbiu, secou!
Está tudo quase perfeito
Ainda enxergo algum defeito
Preciso olhar com mais cuidado
Apertar mãos , com mais efeito!
Tenho muito a fazer,
Um bom livro para ler,
Variedade de amor
para escolher!
Estou bem acompanhada
Nunca fico parada
O vento venta leve
O desencanto é breve.
O presente recebido
Já estava encomendado
Arroz e feijão bem temperado
Dias com muito agrado,
O próximo, a ser amado,
Uma grande gentileza
com a linda Natureza!

FOTO DA MINHA PARCEIRA FOTÓGRAFA  DIRCE MITUUTI
 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

MAIS UM , mais um...

MAIS UM, Mais um, mais um...
                                                          Vera Popoff


Mais um,  mais um...
Mais um ano!
Menos tempo pra viver
Mais saudade acumulada
Mais tristeza bem marcada
Mais uma badalada
no sino da minha vida!
O caminho , eu sinto,
está encurtando!
As lembranças ficam tão longe...
Memórias, vagarosamente,
ano a ano , se apagando!
Meu passo, cada dia , mais lento
A  estrada que d'antes nem avistava,
agora , está bem ali,
perto da encruzilhada.
O passado, o passado...
como ficou tão distante!
Rostos se apagaram
Vozes emudeceram
Risos se aquietaram
As dores se multiplicaram, mas
já nem importam demais.
As despedidas foram tantas!
O  "até a volta", virou "para sempre"!
Chegou uma fina melancolia
insistente e renitente!
Um ponto  de tédio, talvez!
A comida está sem sabor
As pétalas da juventude
      perderam a cor!
As estações onde desembarquei
foram fechadas e as chegadas
          tão raleadas.
O rio  onde naveguei ...
as águas doces onde namorei
 e a  sua boca beijei... secaram!
A árvore , com seu nome,
no tronco riscado, foi cortada!
Mas não posso negar,
Aqui no peito cansado
de energia esgotada
bate levinho, o meu coração!
Não me perdi  de mim.
Estou! Sou eu!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

NATAL

NATAL
                                       Vera Popoff

O sapato na janela
O olhar de esperança
A tristeza não se afasta
A noite é seletiva
Tantos passam  fome
Muitos desperdiçam
e a revolta , mais atiçam!

VELHA COMUNISTA

VELHA COMUNISTA
                                            Vera Popoff

Eu subia a Ladeira Porto Geral , na região da 25 de Março!
Uma multidão caminhava,  como almas no purgatório  buscando a purificação  dos pecados e desesperadas  , procurando um feixe de luz  numa fresta esquecida na Porta do Céu!
Clima de Natal! Nascimento de um coração manso e humilde!
Observava rostos, semblantes , expressões, gestos e movimentos. Não me pareciam serenos  , como sugere a data tão especial!
De repente,  um tumulto, gritaria!
Um menino, de aproximadamente dez anos, foi cercado por homens enormes e  mulheres histéricas .
Gritavam :- Ladrão! Ladrão! Pega o ladrão!
A criança , apavorada , tentava esquivar-se. Sentiu que seria apedrejada e ferida!
Intrometi-me no meio da multidão e segurei a mão do garoto, dizendo:
-Ele é o meu neto! Não é ladrão!
Nossa! A turba enfurecida , gritava:
-Velha comunista! Velha comunista! Vá embora para Cuba!
Acho que pela décima vez, mandam-me ir  embora para Cuba. Nunca mandaram-me para Miami.
Ambos , saímos daquele meio feroz, protegidos por um policial militar. Entramos numa galeria e o soldado , "gentilmente", bradou:- Responsabilize-se pelo "nóia", dona!
Salvos,  tomamos um suco de laranja e o garoto devorou dois sanduíches.
Saciada a fome, olhou-me com olhos brilhantes e disse-me:
-Vó, eu não roubei nada! Vi quem roubou, foi outro moleque que nem conheço! Mas eles "pegaram eu porque sou preto e ele, branco"!
Não consegui lhe dizer nada. Senti vergonha.
Também não lhe fiz uma única pergunta. Ele já havia passado por humilhações em demasia. Não iria
submete-lo a nenhum interrogatório.  Depois, "não vinha ao caso"!
Antes de nos despedirmos , ele voltou a falar:
-Você sentiu medo, vó ?
-Nenhum medo e você?
Ele fez sinal afirmativo com a cabeça  e perguntou:
-Vó , o que é comunista?
Eu lhe respondi:- Sabe que nem sei direito! Talvez alguém que  segure a mão de um garoto aflito e o proteja de uma multidão raivosa!

Em tempo: O nome do menino franzino de olhos brilhantes é Gabriel! O mesmo nome do Anjo da Anunciação!
E seguem,   o clima doce  e a serena  energia do Natal...

AS COROLAS EXALAM

AS COROLAS EXALAM
                                                    Vera Popoff

As corolas exalam.
A alma é sensível.
E as sensações falam!
Contam-me tudo que desejo saber...

Se o meu amor volta,
ou se de vez, foi embora!
Se o sonho sonhado será verdade,
           sem demora!

Se o galho de qualquer jeito fincado,
           brotará!
Ou se a energia lhe faltará e fenecerá.
Se a dor que atiça o corpo, o peito,
tombará , vencida pelo pensamento!

Se é verdade ou visão fantasiada
Mas o céu derrama sobre mim
       estrelas multiplicadas!

Se estou cismada ou equivocada
        Semeei margarida
colhi flores de renovada vida!

Se  virei Narciso, ou o espelho reflete
          imagem verdadeira
A face tão vivida parece plena e inteira!
   
           

domingo, 20 de dezembro de 2015

ALMA RESGUARDADA

ALMA RESGUARDADA

                                                 Vera Popoff
Murou a casa
Cercou o espaço...
Vedou as portas
Passou ferrolhos nas janelas e
fez de conta que a sua dor, agora,
ficou lá fora!

Pintou o teto
do azul do céu!
À leste, desenhou o sol
e fez de conta que sentiu calor!
Ao sul, rabiscou a lua
da cor da prata!
Fingiu que o Cruzeiro
ali lumiava e que a estrela D'alva
com toda brilhância
era sua exclusividade e
a luz , a sua constância!
Na parede
de alvura pura
figurou a árvore!
Imaginou que fosse a paineira
De rosa delineou as flores
e fez de conta , que sentiu o perfume!
Resguardou-se...
Sua existência estava cuidada,
assegurada, completamente!
Não sofreria nenhuma dor!
Não sentiria frio,
Sua alma tão segura, enfim...
Ostentou uma plenitude
Exibiu um contentamento, sorriu!
A vida, antes sofrida, tão protegida!
Restaurada do exaurimento,
placidamente...adormeceu!


 

sábado, 19 de dezembro de 2015

MINHA MÃE

MINHA MÃE
                                              VERA POPOFF


19 de dezembro, você partiu,
       minha mãe!
Dia triste para o meu coração!
Tão bonita , jovem , alegre!
Tão inteligente, suave e amorosa!
               Partiu...
Eu caí num buraco tão fundo!
Carreguei na alma, as dores todas
                do mundo!
No poço de escuridão não havia túnel,
portanto , não tinha luz , nem começo,
                nem fim!
Simplesmente, não havia MÃE!
Nem abraço, nem regaço,
nem teu rosto com os belos traços!
Sem amparo, sem colo, sem alma!
Eu estava só, tão só!
A vida seguiu e tentou ensinar-me
a viver sem a tua presença!
Mas a lição foi difícil demais!
          Jamais aprendi,
          apenas...fingi!


 
 
 
 
 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

AIR (JOHAN SEBASTIAN BACH)

AIR   (JOHAN SEBASTIAN BACH)



                                                                     Vera Popoff
Desmaio, suada!
Acho que estou cansada, cansada! ...
Talvez...um banho morno,
um chinelo bem velho,
um café forte e quente,
ou uma jarra d'água fresca.
O entardecer bem calmo.
O horizonte bem ali
à medida do palmo,
A lua com jeito antigo
um carinho dividido,
A ausência do padecimento,
Uma leitura, um novo conhecimento!
Bach no meu ouvido, Air ao violino...
Tento dar um drible no cansaço...
Silencio, transcendo, me refaço!!


quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

MELANCOLIA


                                              
MELANCOLIA

                                                 Vera Popoff
...
A melancolia rondou, rondou...
Foi tomando os becos vazios do meu coração.
Bem que tentei desvencilhar-me
daquele afago lúgubre , desproporcional!
Mas fiquei frágil, diante de tamanho temporal!
Tentei desviar do caminho sombrio e
avistei uma rosa, cheirei uma galho de alecrim,
semeei uma laranjeira e volteei o meu jardim.
Tentei embarcar nas asas da imaginação
Lembrei do teu olhar, tua boca, tua mão
no meu corpo!
Suei com a lembrança do abraço
Do teu rosto , enxerguei cada traço!
O dia seguiu assim...
Porque no fundo, desejei assim...
Embrulhei-me no lençol da melancolia,
encolhi-me no passado de paixão e magia.
 

DIÁRIO DE UMA GUERRA

O DIÁRIO DE UMA GUERRA
                                                  Vera Popoff
A luta será grande!
Tantas batalhas a vencer......
Vesti a farda de guerra:
-velho moletom manchado de tinta,
-camiseta surrada e desbotada,
-alpargatas caminham esgarçadas,
protegendo os pés das pedras pisadas.
A luta é aguerrida, as armas estilhaçam
a monotonia.
A energia ainda fulgura.
A mão ágil gesticula,
amacia, organiza , harmoniza,
suaviza as asperezas!
As pernas , bravamente, carregam
o peso do cansaço e da dor.
O pulmão recebe o aroma da flor!

Meio dia!
O almoço agrada e sacia a fome
do pão e do fervor!
Na boca, o suco da fruta adoça
todo o amargor da bravura extinguida.
O sol é forte, judia!
O que nasceu coragem já é melancolia!
Noite quieta!
O abandono do corpo no leito...
Deita-se o peso do tempo!
A guerra é desigual!
A mulher na batalha
quer vencer o banal!

 

REVIRAVOLTAS

 
REVIRAVOLTA

                                   Vera Popoff
Gira a Terra...a sua rotação
Gira a vida, pedindo passagem
A vida é apenas uma viagem
curta ou longeva
criadora ou rancorosa,
leve , mansa ou pesarosa!
Uma viagem cheia de nuncas ou
afirmativa e ativa!
A Terra gira a sua rotação
Não dá meia volta, volta e meia,
reviravoltas!
Vai girando em si mesma,
segura, firme, soberba, livre
dos cansaços!
A vida gira insegura e indecisa,
estanca, segue, degringola,
emperra, anda e desanda!
Dá voltas , volta e meia, meia volta e
reviravoltas!
O sobe e desce encontra o esperado,
o inusitado , o desesperado, o malfadado!
Uma alegria, muitas melancolias...
Flechadas ferem um esperançoso dia.
A dúvida assassina a certeza
As decepções engolem as espertezas
O frágil vencedor é vencido e assiste
a demolição dos arrogantes sonhos!
A vida é uma viagem sem planejamento
Um presente arriscado
Um futuro que será ou não será
Um projeto que não vingará !
Dorme-se indubitavelmente assenhorado
Acorda-se inesperadamente destroçado!



domingo, 13 de dezembro de 2015

PRESENTE DE NATAL

PRESENTE DE NATAL
                                                Vera Popoff

Noite de Natal!
Recebi o meu presente numa caixa tão singela!
Pensei :"-o que haverá dentro dela?"
Havia outra caixa menor e dentro ,
     outra , ainda menor!
Tão desapontada, meio desconfiada
fui perdendo o entusiasmo!
Pouca luz naquele local,
Um cardápio trivial,
para o quesito glamour
uma notinha banal!
A noite apresentava um brilho
        tão natural!
A D'alva era a grande estrela!
Tantas outras, coadjuvantes,
mas no céu atuavam tão belas!
O Cruzeiro do Sul indicava o roteiro
A melodia , já não me engano,
Era Bach :JESUS , ALEGRIA DOS HOMENS!
A noite , tão simples, elevou-me à luz
               da lua!
A última caixa, tão pequenina,
sem fitas , nem papel  luminoso
era o presente a mim , destinado!
Teriam se enganado?
Ao som do meu coração
abri o presente aguardado!
Um papelzinho dobrado,
amarelado e meio manchado...
Será que perdi a razão,
ou houve uma confusão?
Desdobrei com todo cuidado
e li o papel amassado:
-A noite é de  amor e bem aventurança,
É a caixa de Pandora !
Aberta , de dentro escapam os males,
É o começo do mundo novo
nasceu a GRANDE ESPERANÇA!




sábado, 12 de dezembro de 2015

ASTRO REI

ASTRO REI

                                                           Vera Popoff
O sol fulgura sobre o dia......
O Astro Rei de grandeza única,
tão belo, mas nada humilde,
lança dardos fulgurantes
sobre as minhas dores,
desafia os meus temores!
Exibe a real beleza
sobre as alegrias, as venturas,
as tristezas e as incertezas.
Tão seguro de si, tão deslumbrante!
Abre-se no alto, majestoso e único !
Ignora as tantas lágrimas derramadas,
as vidas desarrumadas, as almas destroçadas
as ilusões apagadas!
Reina e brilha...brilha...brilha...

DA JANELA

DA JANELA
                         VERA POPOFF
 
DA JANELA

                                            Vera Popoff
Sexta-feira!...
Da janela, vejo o amanhecer!
Uma janela estranha...
Não é aquela janela
onde bica e canta o bem-te-vi!
Mas o dia , lá fora, é bonito!
Depois de ver a aurora,
Por que me importaria com janelas??
E o meu coração sempre enxerga
pela janela da vida!!

ALFORRIA

ALFORRIA

                                                               Vera Popoff
Está escrita, assinada e reconhecida
A minha carta de alforria!...
Ah...alívio! Estou alforriada e libertada!
Sem as marcas das correntes
Sem as cicatrizes dos açoites,
deito e adormeço nas livres noites!
O peito expande e libera todos os perdões!
Minh'alma envolta na aura libertadora ,
já não pena sob as opressões!
Olho a vida, aqui, tão ao meu alcance!
Sem pressa e  nenhum medo ,
            vou viver!

 
ROSA EUFORIA

                                                            Vera Popoff
Pintei uma parede de rosa euforia
Pendurei molduras de gravuras singelas,...
O desenho d'uma galinha pintadinha,
Cacos de azulejos velhos, colados!
Casinhas de passarinhos,
Espantalho espantando as minhas frustrações.
O colorido forte atraiu mais e mais ilusões
Sem as ilusões não há respiração!
Sempre desejei ser fazedeira de sonhos...
Demorei a conseguir!
Eu mesma impunha-me limites quando:
obedecia padrões,
seguia regras,
amarrava cordões,
dos medos, refugiava-me!
as loucuras, trancafiava,
as fraquezas, disfarçava.
Mas a parede rosa euforia,
com bugigangas penduradas,
com o gosto duvidoso escancarado,
com o designer brega e inusitado,
foi só o começo...
Só o começo de um tempo libertado!
Tanta demora! Tanto constrangimento!
Tanto aborrecimento!
As manias velhas e tolhedoras, escorridas...
com os pingos da tinta rosa euforia!

SEM PALAVRAS

SEM  PALAVRAS
                                            Vera Popoff


SEM PALAVRAS

                               (Vera Popoff)
Se eu fosse poeta de verdade,
hoje eu teria versos a cantar!...
Não me faltariam as rimas
Eu desatinaria as minhas paixões e
uma pedra ,transformaria em ilusões e
choraria as minhas saudades e
versaria os meus desencontros e
transformaria em canções , as alegrias!
Mas apenas arrisco umas poucas palavras...
Falta-me vernáculo suficiente e
uma lírica competência.
Decido então...silenciar
Recolho-me num aconchego vazio
Digo versos desconexos para afagar
a solidão!

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

VERBA VOLANT, SCRIPTA MANENT"

Álvaro de Campos
(Heterónimo de Fernando Pessoa)
Ridículas
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.


 " VERBA VOLANT, SCRIPTA MANENT"
(As palavras voam, os escritos permanecem!)
                                                                         Vera Popoff

Certa vez, escrevi uma ridícula
            carta de amor!
Tão apaixonadamente ressentida,
que custou-me a perda d'um amor,
        dos grandes!
Muito, muito grande!
Mas não grande, o suficiente,
para resistir a uma ridícula,
despeitada, enciumada e tão
apaixonada carta de amor!

"Verba volant, scripta manent"
(As palavras voam, os escritos
           permanecem!)
Eu lhe escrevi em latim
Eu lhe magoei...em latim!
E você não entendeu-me,
    não perdoou-me!
Em português , fui abandonada,
À solidão, fui condenada!

Não houve jeito,
vítima do próprio despeito
Chorei em português
Chorei em latim:-Ai de mim!!
A vida segui...sem o seu perdão!
Gastei o meu latim, em vão!

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

DOM PAULO EVARISTO ARNS
Quanto mais eu leio sobre a atuação de Dom Odilo SHERER, mais sinto saudades de Dom Paulo Evaristo Arns.
Dom Paulo criou a COMISSÃO DE JUSTIÇA E PAZ, incentivou a Pastoral da Moradia e a Pastoral Operária, criou a Pastoral da Infância, com o apoio da sua irmâ , Zilda Arns. Presidiu a 'Celebração da Esperança", em memória de Alexandre Vannucchi Leme, estudante universitário morto pela ditadura. Apresentou um dossiê sobre casos de desaparecidos;celebro...u na Catedral da Sé o culto ecumênico em honra de Vladimir Hersog, jornalista assassinado pelo regime. Sua atuação pastoral sempre foi voltada aos habitantes da periferia, aos trabalhadores e estudantes, trabalhando exaustivamente pelos mais pobres, defendendo os direitos da pessoa humana. Estivesse hoje, á frente da Arquidiocese de São Paulo, com certeza apoiaria os estudantes sofridos, que perdem vagas nas escolas paulistas , graças à insensibilidade de governantes autoritários .
 

UM TEMPO


UM TEMPO
                                       VERA POPOFF


Num tempo quase sem tempo
Não é que sobra-me um tempo
livre dos contratempos?
Penso com meus botões:
- vou aproveitar o tempo!
Tantas tarefas esperam pelo
     tão curto tempo!
Vou dar de comer aos cães,
Vou dar de beber às flores,
Vou dar um consolo à dor
Vou dar um lustro no sol,
Um banho de prata na lua
e um beijo na boca tua!

E o tempo não para
quando mando-o parar
E nem anda mais depressa
quando mando-o correr!
Já que é teimoso , o tempo
Vou dar energia ao vento!
Oferecer ao amigo  , um café.
Aumentar a tão curta fé !
Trazer alegria ao riso
Pedir a Deus , mais juízo!
Uma pintura no velho horizonte
E dar-te carinho aos montes!

Peço um instante ao tempo
Entrego uma borboleta  à rosa
Busco dedo de boa prosa,
Abro as asas da andorinha
Mato a saudade que é minha!
A quem passa, estendo a mão!
Levo sangue bom  ao  coração
e abraço-te com paixão!

Já que não espera-me , o tempo
Melhor à vida,  dar andamento!
Vou encher a taça de vinho
Arrancar da mágoa , o espinho
E  dar andamento à obra
Um doce aconchego às filhas
Tomar  cuidado com as armadilhas
Quem sabe até , cruzar a linha do infinito
Buscar a paz  para o  espírito
Abrir um céu para a estrela
Uma sombra ao viandante
E entregar-me ao amor do amante!

BENDITA SEGUNDA -FEIRA

 



BENDITA SEGUNDA-FEIRA

                                                          Vera Popoff
Segunda-feira é o meu domingo.
Tanta paz, tanto sossego! ...
O barulho se despede
A irritação é esquecida
Deus do céu, que bela é a vida!!

 
O horizonte está tão perto
No rítmo do coração, por certo!
A natureza ao meu alcance
Não há alma que não dance !

A fé e a esperança, nos ombros
Nenhum gesto de assombro
Não fosse tanta saudade,
A perfeição seria de verdade!!

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

CASA VELHA

CASA VELHA
                             Vera Popoff

O bom de viver numa casa velha
é que nela já viveram outras almas!
Deixaram algumas energias ...
percebo laivos d'alguma alegria
Encontro nas paredes, misteriosos semblantes,
 não visíveis com os  meus tímidos  óculos,
     mas tão nítidos na imaginação,
sem nenhum rastro de qualquer razão.

Desisto de decifrar os enigmas
Fico atenta aos sinais deixados,
aos tantos deuses aqui, invocados!
Uma parede que conservei desbotada
para certificar-me do gosto do outro
para atentar-me aos sonhos falecidos
para envolver-me nas teias tecidas
por mãos desconhecidas!

Na casa velha, já tão habitada
e , por isso, bem desgastada,
houve  muitas certezas,
algumas delicadezas
 e lágrimas em correnteza.
Muitos risos aqui , debruçados.
Luzes acendidas , outras , apagadas!

No quintal, árvores que desconheço os nomes,
pedaços de troncos que foram cortados
E eu penso:- por que cortariam  uma sombra ,
um  galho , uma  morada do pássaro?
Vingança engolida crua?
Desejo da terra nua?
Capricho d'um falso cristão
ou delírios insanos de alguém sem coração?

Vivo na casa que me parece  assombrada,
por onde voam memórias já depenadas.
Igual aquela que na infância  avistei,
que tantas vezes fez-me , de medo, correr!
Ouço ruídos vindos nem sei d'onde!
Passos cadenciados, que não são os  meus
Alguns  suspiros que não saem
da minha  melancolia!
Um fantasma atrás da porta.
Um cabo duzentos e vinte  que liga-me
ao  curto circuito de alguém que espero ,
            mas que não chega,
pois quem espero   ,
habita uma outra morada ,
 muito, muito além!

NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS

NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS
                                                                            Vera Popoff
ÀS  tuas benditas Graças
eu acrescento uma graça,
por mim, um dia, alcançada!
A Graça da própria Graça
que foi a Graça da vida!

Exaurida de tanta dor
sentindo por perto , a desgraça
Ajoelhei aos teus pés
com esforço e desespero
e te pedi uma Graça!

-Valei-me, Virgem bendita,
pois eu estou indo embora!
Para embarcar nesta nuvem,
necessito de Ti, ó Senhora!

De coração, eu te peço,
deixa acesa uma luz
clareando a minha chegada,
pois sinto medo do escuro!

Nossa Senhora das Graças
Talvez não mereça a tua Graça!
Mesmo sem merecer
afaga com teu amor
minh'alma sedenta de afeto!
Espera-me , eu te imploro com devoção!
Cubra-me com teu santo manto,
sinto tão frias , as minhas mãos!

NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS,
minha voz , tu acolheste!
grande paz me devolveste!
Minha vida , então por um fio,
recebeu uma suave energia
revestida da tua Graça!
Hoje, curada e cheia da Graça,
aqui estou para  agradecer
a Graça da tua Graça,
oh, Mãe da Bendita Graça!

UM PRESENTE PARA ANA TEREZA

UM PRESENTE PARA ANA TEREZA
                                                                        Vera Popoff

HOJE E O DIA DE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS!
HOJE É O ANIVERSÁRIO DE FÁBIO SIMÕES PRADO!
Nossa Senhora das Graças!
Mãe ternura de todas as mães!
Mãe de todos os anjos e de todos os amores!
Mãe dos nossos amigos nunca esquecidos!
Mãe de Ana Tereza Simões,
Mãe que abençoa e encanta os verdes "Prados"!
Nossa Senhora das Graças!
Mãe de Fábio Simões, outro Prado, tão amado!
Nossa Senhora das Graças e Fábio Simões Prado,
aniversariam no mesmo dia...
O certo dia... sagrado e consagrado
Por sua mãe...Ana Tereza Simões Prado!!
Uma singela homenagem da amiga Vera Popoff para a tão amada amiga


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

TARDE QUIETA

TARDE QUIETA
                                       Vera Popoff



Eu vou cantar a minha tarde
Canto-a porque merece o meu canto
Tão singela e muda!
Nela , eu refugio o meu silêncio
impregnado de doçura !
Vez em quando bebo um gole de café,
outro gole da água benta pela fé,
mais um gole da presente plenitude!
E contemplo...o evento de tamanha magnitude!
Uma tarde sem a mancha do barulho,
Cujo único estorvo é um arrulho!
Na colheita da paz semeada,
no semblante da vida suavizada,
eu inspeciono o céu!
 Observo d'onde vem o vento,
se a nuvem anuncia o mudar d'um tempo!
Quintas-feiras, segundas e terças,
dias dos relógios lentos,
do silêncio atento
do entrelaçamento
da alegria mansa  e  da clausura
           sem submissão!
Celebro assim , com a voz murmurada
só no pensamento, a tarde silenciada!










terça-feira, 24 de novembro de 2015

A TESOURA NA GAVETA

A TESOURA NA GAVETA
                                         Vera Popoff

Na gaveta, há tempos fechada,
uma tesoura enferrujada.
Um pensamento em suspense...
Lá vão anos que a tesoura cortou
        tantos sonhos!
Ela cortou os tecidos brocados,
cortou os desejos sufocados.
cortou os planos embaçados
     na poeira da gaveta .
A velha tesoura esquecida
cortou a maciez de tantas sedas!
Cortou decisões que teriam sido
           brilhantes
Cortou ilusões deslumbrantes!
Na gaveta empoeirada...a tesoura
          enferrujada
Fazendo-me lembrar dos cortes afiados
          nas minhas fantasias ,
          nas finas alegorias
que cobriam uma vida de doces emoções
          tão passageiras !
A tesoura afiada cortou as vestes elegantes
da mocidade abraçada por amores galantes!

Aberta a gaveta empoeirada , há tempos
           trancafiada,
seguro a tesoura enferrujada
que cortou os tafetás , os cetins,
os linhos , as lembranças rendadas,
as esperanças desfiadas  , a vida
       mal costurada e portanto,
           toda rasgada!

BOCA DA NOITE

BOCA DA NOITE
                                           Vera Popoff

Larguei o bordado sem terminar
Tantos pontos , ainda faltando...
De que me serve mais um bordado?
Se o meu coração anda tão sufocado?

Troco a roupa comportada e caio...
     na boca da noite!
-Que cheiro de perfume barato!
-Que desarmonia insólita e desigual!
Mas inspira-me um poema marginal!

Um calor faísca na cova do peito
que arde, queima , lateja e sofre !
No hálito da boca da noite
eu procuro , com desespero ,
a boca que levou meu beijo.

De viela em viela ...
Dos  botecos aos becos,
Nas avenidas perdidas de saudades
Nas esquinas de todas as solidões
Eu farejo o cheiro do teu  corpo
que impregnou no meu corpo.

O rosto aflito tem urgência
e nenhuma prudência!
Os olhos atentos procuram teus olhos
Minha boca marcada procura o beijo roubado.

Na boca da noite
sob a luz fosforescente,
Desvairada, não corro atrás
do  que a razão consente,
mas do  fogaréu da paixão ausente.

Cansada , retorno!
Nenhuma esmola de carinho
Nenhum gole de afeto
Só a dor do desafeto!

Suada, retomo o bordado
Os  pontos recomeçados
uma atrás do outro , desafiam
a paciência e a decência
       que já perdi!

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

OLHOS PEQUENOS

OLHOS PEQUENOS

                                                           Vera Popoff

Olhos castanhos , tão pequenos,
embaçados de astigmatismo, mas...
 veem as pedras do caminho,
            a tempo
de livrar  os pés do passo equivocado e
do ódio  vazio e proclamado!
      

Olhos castanhos , tão pequenos,
embaçados de  astigmatismo, mas..
como enxergam os espaços amplos!
E vagueiam insistentes e ligeiros
pela Praça da Liberdade,
onde voam pelos ares da igualdade!

Oh, olhos castanhos , tão pequenos,
embaçados do astigmatismo,
vislumbram laivos d'esperança
sua visão , um mundo novo, alcança!

Olhos castanhos , tão pequenos,
embaçados de astigmatismo, mas...
apesar das visões tão duras
fixam-se num céu abarrotado de ternura.

Olhos castanhos e pequenos,
embaçados de astigmatismo
usam  lentes na leitura das poesias e
mergulham no lirismo das elegias!

Olhos castanhos e tão pequenos,
embaçados de astigmatismo,
percebem o galho que cresce,
salvam a rosa da ação predadora
         que a entristece!

Oh , olhos castanhos, tão pequenos,
embaçados do astigmatismo, mas...
enxergam  da vida , o mimetismo!
enxergam  a fluidez da correnteza
percebem  a dúvida na certeza.

Oh , olhos castanhos e pequenos,
embaçados de astigmatismo, mas
distinguem a pobreza das razões
embrutecidas , das vontades ruidosas,
    das decisões enganosas.

Olhos castanhos e pequenos,
embaçados de astigmatismo,
conseguem ver a tristeza d'um   amigo,
a mágoa guardada do pesar antigo,
a cicatriz do coração  sofrido.
a vontade presa e reprimida
a amplidão do sonho a ser vivido.

Olhos castanhos e pequenos,
embaçados de astigmatismo
mas veem o brilho do sol, num sorriso!
Veem  a alvura do jasmim  que
       embeleza e aromatiza
Veem  a possibilidade da transformação,
a  placidez da  paz desejada,
a vitória da palavra sobre a angústia
      d'uma  voz calada!
      

CHOVEM ÁGUAS

CHOVEM ÁGUAS
                                           Vera Popoff
Um vento
Um temporal
Um raio
Um trovão
Cai a chuva sobre a minha vida
Chovem águas de diamante
sobre as minhas lembranças
Os meus pés inocentes na enxurrada
A minha alma menina ri, na pequena estrada.
Chovem águas purpurinas
sobre os meus amores,
os perdidos e os encontrados!
Afinal,  todo amor amado, ilumina,
        vale a pena!
Chovem águas turvas
sobre as tantas perdas.
Não tiram as nódoas do inconformismo!
Chovem águas mansas
sobre as esperanças
O tempo passa e os sonhos mudam,
os  sonhos crescem, os sonhos vestem
as tristezas  cantadas  nas minhas elegias.
Chovem águas turmalinas
sobre as minhas flores
Cada pétala molhada
suaviza as minhas dores!
Caem águas versejadas
sobre a boca lírica
Vou  insistir na poesia
e dizer meus versos
com ou sem maestria
sobre os tormentos assistidos
sobre a indignação sentida
sobre a lama derramada
sobre a sangueira  jorrada
sobre a cegueira malvada
sobre as mentiras contadas
sobre as injustiças cometidas
sobre as tragédias consentidas
sobre os preconceitos cuspidos
sobre os irmãos desunidos
sobre as maledicências vingadoras
sobre as ganâncias vorazes
sobre os mercadores insensíveis
sobre as feiuras  visíveis e invisíveis.
Aconselhou-me um poeta amigo:
-Cantemos versos, até sobre os escombros!

FOTOS DA FOTÓGRAFA, PARCEIRA E AMIGA DIRCE MITUUTI

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

CALMARIA

CALMARIA

                                               Vera Popoff

À  mesa está o pão , o vinho, o azeite
A toalha é a mesma, alva e rendada
O assoalho tem brilho de cera e a paz
cai silenciosa na sala onde aquela  cor perdura.

O vaso de violetas , permanece
Incrível, mas não murcharam!
A vela ilumina os olhos da Virgem Bendita!
A esperança de acalmar a alma aflita.

Fora , vejo a procissão das palmeiras
enfileiradas , altivas , balançam
obedecendo a ordem do vento!
Pergunto :- por onde passou o tempo?

Não percebi. Arrumo tudo igual,
a mesma rotina de esperar...
Com o rosto impassível , aguardo
uma voz me chamando, um riso em movimento!

É meia noite e a lua avisa-me
-Foi apenas , mais um dia.
Na calmaria , recolho-me, enlanguescida!
Abotoo a camisola de renda e cambraia,
Na cama cheirando alfazema, chamo os sonhos.

Não foi hoje, ainda!
Mas amanhã poderá ser o dia
Do vinho à mesa, do pão, do azeite.
        e do retorno.

A DOR DO CRIADOR

A  DOR  DO  CRIADOR
                                      Vera Popoff

Rasguei os versos de amor.
Queimei a poesia escrita.
A singeleza da rima foi quebrada
A beleza, no momento, esquecida!
A "Doce" palavra jorrada, foi manchada
         e  pela lama , turvada!
A correnteza cristalina , desatina...
perdida de todo encanto, nada "Vale"!
E o que "Vale", agora?
"Vale" a dor do CRIADOR!
Ele sofre e lamenta, sem rancor!
Nem o perdão do inventor
diminui a desvairada dor!
Se a Sua Lágrima limpar a lama
Quanto valerá o fim d'um drama?