AUGÚRIOS E PREMONIÇÕES
(Vera Popoff)
Resolvi parar com tudo!
Bateu em minha porta augúrios de esperança!
Um prenúncio alvissareiro me contou:
-Não preciso mais trocar o carro velho!...
Libertei-me de hábitos arraigados!
Respeitando a Metafísica da saúde,
só ando a pé!
A premonição abrandou o meu coração!
Solto, sem regras, a imaginação!
Foi suprimida qualquer obrigação
de comportamento padrão.
Posso sentar-me no vazio povoado do silêncio.
Recostar a cabeça num travesseiro de folhas e,
pensar por pensar... escrever por escrever...
Sem rimas, sem métrica!
No meu mundo contente
não preciso ser coerente!
Anunciaram-me um novo tempo!
Posso simpatizar-me com aquele ou com o outro.
Não importa com quem simpatizo.
Por detrás, nas minhas costas,
não me alvejarão!
As pessoas são mansas e cordiais.
Não se engalfinham por candidatos
à presidência, à vereança, síndico de prédio ,
ou qualquer governança!
Piso num tapete verde.
Meus pés não doem.
As pernas jamais incham!
O sangue percorre as veias por túneis abertos,
desobstruídos!
É o prenúncio da vida... sem limites!
Inspiro a brisa e recolho o ar com cheiro de rosa.
A rosa não tem espinhos.
Manuseio sem ferir as mãos , ou sangrar!
O rio saiu do estado de coma!
As nascentes puras, límpidas, correm...correm..
soltas na sua direção!
As árvores não gemem da dor,
não padecem do pavor.
O frescor da mata intacta alisa o meu rosto.
Ouço o crocitar da coruja , afino-me, tento responder!
A terra carrega umidade medida.
Não está sulcada chorando de sede!
Quero-me engajada , lendo filosofia!
Discutindo a retórica e a dialética,
sem a pretensão da verdade absoluta.
Questiono o perfeito e o imperfeito,
sem a certeza se sou ou ...não sou!
Peço perdão ao bom Deus!
As dúvidas abrem um beco,
entram no meu coração , instalam-se!
Reclamo do livre arbítrio, do perdão
que preciso perdoar, mas...não perdoo!
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