segunda-feira, 18 de maio de 2015

ÓBVIA

ÓBVIA (Vera Popoff)

A chuva choveu!
Juntei a ela o meu pranto!
É tão bom chorar com a chuva!
Não preciso controlar a lágrima,
ela mistura-se aos prantos do céu!...
E eu choro tanto...tanto!
Choro pelo que não vivi e não senti.
Choro pelo que não fui!
Choro pelo que fui...óbvia, tão óbvia!
A obviedade causou-me desencanto
que corajosamente, ainda canto!
A nuvem escurece e o céu braveja.
Inalterável, minh'alma emudece.
A mulher em mim ,se acanha, repete-se
e permanece...óbvia!
Tão costumeira, tento viver uma aventura
de causar espanto!
Vestida da obviedade , encosto a lentidão
num canto!
Vou coar o meu café.
Sentir o aroma espalhado do café coado!
Que aventura e tanto!!
Ah, que gosto de vida óbvia!
Saboreio o café amargo e forte,
enquanto penso nos planos mal traçados,
nos sentimentos esfacelados,
nos erros tão decantados e no jogo mal jogado!
Saboreio outro café amargo e forte !
Penso o quanto poderia ter avançado,
na existência acanhada,
se não tivesse sido tão óbvia!
A obviedade está justificada!
-os meus sonhos foram meus cansaços,
-os meus desejos foram meus fracassos,
-os meus delírios foram tão escassos!
E óbvia que sou, aprendi ser feliz,
no meu estreito espaço!


 


 
 

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