ÓBVIA (Vera Popoff)
A chuva choveu! Juntei a ela o meu pranto! É tão bom chorar com a chuva! Não preciso controlar a lágrima, ela mistura-se aos prantos do céu!... E eu choro tanto...tanto! Choro pelo que não vivi e não senti. Choro pelo que não fui! Choro pelo que fui...óbvia, tão óbvia! A obviedade causou-me desencanto que corajosamente, ainda canto! A nuvem escurece e o céu braveja. Inalterável, minh'alma emudece. A mulher em mim ,se acanha, repete-se e permanece...óbvia! Tão costumeira, tento viver uma aventura de causar espanto! Vestida da obviedade , encosto a lentidão num canto! Vou coar o meu café. Sentir o aroma espalhado do café coado! Que aventura e tanto!! Ah, que gosto de vida óbvia! Saboreio o café amargo e forte, enquanto penso nos planos mal traçados, nos sentimentos esfacelados, nos erros tão decantados e no jogo mal jogado! Saboreio outro café amargo e forte ! Penso o quanto poderia ter avançado, na existência acanhada, se não tivesse sido tão óbvia! A obviedade está justificada! -os meus sonhos foram meus cansaços, -os meus desejos foram meus fracassos, -os meus delírios foram tão escassos! E óbvia que sou, aprendi ser feliz, no meu estreito espaço! |
segunda-feira, 18 de maio de 2015
ÓBVIA
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